Quando me perco no emaranhado dos meus pensamentos,
busco uma razão que não aceita a emoção,
não quer falar, não quer oração.
Nada que não seja uma resposta prática,
algo rápido, solução lógica e exata,
uma fórmula simples, matemática,
que não me confunda.
Religião me confunde…
Mas, paradoxalmente,
quanto mais me distancio de Deus,
mais me sinto parte Dele.
Como se eu mesmo fosse, a prova genética,
o exame de DNA que comprova a sua existência.
Sou um rastro das Suas pegadas,
deixadas na areia, expostas ao vento.
O átomo revelado,
o carbono-14 trazendo a datação perfeita,
mesmo sem querer,
sou a prova viva da existência Divina.
Meus olhos refletem o sol,
minha alma aspira o perfume das flores,
minhas mãos tocam a areia e não retém nada,
tudo passa por entre os meus dedos,
até o tempo, presente do Criador,
que tento desesperadamente segurar…
Lembranças de dias que não quero deixar passar,
mas que passam, me deixam saudoso,
porque descubro que “*não posso amar ninguém,
porque sou o amor“.
E sendo, não me entrego,
e se me entrego, quero tudo,
e quase sempre, me resta o nada,
a necessidade de respirar,
e a única certeza,
é a de que é preciso amar,
porque em meio a dor,
descubro sempre,
que Deus é amor.
Escrito por:
Paulo Roberto Gaefke
*A frase “não posso amar ninguém porque sou o amor, é de Murilo Mendes, mineiramente poeta, grande nome do Modernismo brasileiro (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 — Lisboa, 13 de agosto de 1975)
Paulo Roberto Gaefke