Superação
Machado de Assis nasceu pobre, em um morro do Rio de Janeiro, em um Brasil preconceituoso demais, filho de lavadeira e pai operário ficou órfão muito cedo e estudou como pode, já que não podia freqüentar cursos regulares. Pobre epilético e neto de escravos morando na favela. Qual a chance de uma pessoa assim conquistar uma posição na sociedade escravagista da época?
Aos seis anos de idade presenciou a morte da única irmã. Quatro anos mais tarde, morre-lhe a mãe. Em 1854 o pai casou-se com Maria Inês. Aos quatorze anos, Joaquim Maria ajudava a madrasta a vender doces para sustentar a casa, tarefa difícil depois da morte do pai. Não se sabe se freqüentou regularmente a escola. O que se sabe é que, adolescente, já se interessava pela vida intelectual da Corte, onde trabalhou como caixeiro de livraria, tipógrafo e revisor, antes de se iniciar como jornalista e cronista.
Machado de Assis com certeza deparou-se um dia com uma estrada que apontava dois caminhos, de um lado, a estrada mais simples, a da lamentação, onde ele poderia usar toda a desgraça que o acompanhava para viver o resto de sua vida como um miserável resmungão, um chorão, talvez um “alcoólatra”, ou quem sabe, usuário de uma droga qualquer, porque a desculpa ele já tinha.
De outro lado, havia a estrada dos sonhos, dos objetivos. Estrada que aos olhos dos outros e dos mesquinhos, era a estrada do impossível. Era uma estrada cheia de dificuldades, mas o amor pelas letras, pela língua portuguesa, o enchiam de certezas.
Isso é o que falta na vida de muita gente: certeza. Determinação, recusar o mal por si mesmo. Recusar a lamentação, as dores, sem aumentar os problemas, por piores que sejam. É preciso acreditar na vida, na sua capacidade de criar, de construir, de levantar paredes novas, pintar novas cores, conquistar novos amores, criar uma nova família.
Chega de lamentações!
Chega de choro! Há portas e mais portas esperando para serem abertas. Há muito o que fazer, não há tempo para desculpas. Chega de choro, a vida está batendo a sua porta, que tal conquistá-la?
© Paulo Roberto Gaefke
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